quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A beleza do caos



É fácil perceber que a vida humana é cercada de um emaranhado complexo de circunstâncias desordenadas que compõem o que é comumente chamado de caos. Desorganização, eventos inesperados, atitudes sem sentido, situações que, de maneira geral, fogem à normalidade e à previsibilidade. Não é difícil perceber fatos dessa natureza em qualquer lugar que se olhe, seja nos dias atuais, ou em qualquer momento histórico.

Em tentativas frustradas, o homem cria mecanismos organizacionais visando eliminar a existência do caos, mas é certo que nenhum desses mecanismos alcançará a perfeição com sua total aniquilação. Com o tempo é perceptível que todos esses mecanismos aparentemente já nascem com os germes de seu fracasso. Dentre esses mecanismos, a título de exemplo temos desde as leis vigentes punindo atitudes de caos com sanções, até a tentativa de se organizar uma festa para que tudo dê certo. O esforço de todos é feito para evitá-lo. No entanto, é ele uma clara tendência social inevitável, tão constante que não aceitá-lo é se frustrar com algo que sempre existirá independente do que se faça.

A velocidade da variação de pensamentos, de criação de idéias e complexidade mental das pessoas é tão grande que não há jamais nenhum mecanismo capaz de estar intimamente pronto para prever toda e qualquer tendência ao caos proveniente das pessoas, ainda que pequena. Além do que, as mentes humanas, apesar de seus pontos coincidentes, são tão diferentes que, tentar encará-las de maneira homogênea a fim de prever suas atitudes é algo tão risível quanto utópico, ainda que entre gêmeos de uma mesma criação.

No que tange aos eventos naturais, estamos tão longe de ter um controle razoável da previsibilidade dos fatos e circunstâncias da natureza, que se já é difícil se acertar com a previsão do tempo de daqui a uma semana, que dirá saber o que nos espera em um universo em que somos apenas um grão de areia.

Junta-se ainda o fato inegável de que, tanto os seres humanos quanto a natureza estão em uma mutação evolucional diária, corroborando para um mecanismo perfeito como se quisessem evitar que um dia o caos pudesse ser destruído. A luta humana para sua dissolução é tão eficaz quanto a luta que duas retas paralelas travam para se tocarem.  

O que não se percebe é que o caos é tão essencial quanto às tentativas humanas de afastá-lo. São coisas reciprocamente interligadas e dependentes uma das outras formando um perfeito equilíbrio. Sem o caos como forma constante, não haveria porque o ser humano se preocupar com aspectos que conduzem à sua evolução. Um mundo sem caos é um mundo estagnado. As grandes invenções só foram criadas devido à luta humana contra o caos. O caos de se locomover no escuro gerou a lâmpada; o caos de se viajar em uma demorada viagem a cavalo levou ao carro, etc. O caos move o mundo e sua função é tão essencial quanto sua beleza...
                 

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