Foi durante uma
tempestade que ele resolveu sair pela rua. A chuva e o vento eram tão fortes
que o faziam andar forçando para se deslocar. Era uma noite vazia. Não tinha pressa,
pois tinha se acostumado com o temporal. Sabia que não tardava em passar
como sempre acontece. O carregar do guarda-chuva era um pouco dificultoso.
Estava indo comprar seu jantar porque prepará-lo sozinho em meio a uma noite
chuvosa já não lhe agradava, embora soubesse cozinhar bem. Tinha pouca fome, mas
estava com sede em meio a uma torrente de toneladas de água que caia sem parar.
Chegou na esquina da envelhecida rua que terminava tangencialmente em uma rua
maior. Parou para se lembrar qual direção o restaurante ficava. Decidiu qual
caminho tomar, só que restou dentro de si, porém, um viés de insegurança pela
decisão que o incomodava. Acalmou-se por lembrar que nos dois lados da rua
haviam restaurantes. Só que em um dos caminhos havia um em que o tipo de
comida, embora boa, não lhe iria agradar no momento. Não estava disposto a
comer em um lugar que não pretendia. Momentaneamente ficou feliz em saber que
também tinha uma opção na direção errada e isso o impulsionou a seguir caminho.
Ao andar pela
direção escolhida, não conseguia pensar muita coisa, mas julgou-se merecedor da
melhor opção de restaurante para si, afinal ele era um dos poucos corajosos que
ousaram sair na rua em meio à forte tempestade fria que se mantinha constante
na noite. No caminhar, lembrou-se de uma boa receita que recebera de uma amiga e
que poderia ter preparado em casa. Não era um de seus pratos prediletos, mas
iria poupá-lo de caminhar nessa insegurança em uma forte tempestade. Fiz a
escolha certa, suspirou. Se sentiu feliz por não ter ficado entediado em casa
preparando sua receita quase-boa. Aprendeu a gostar da chuva, dos ventos e da
noite. Via algo de mágico e bonito naquilo tudo. Que aliviante saber que temos
temporais como esse às vezes pensou.
Durante seu devaneio, um gato surgiu do nada e, de supetão, passou por entre suas pernas, fazendo com que rapidamente voltasse para a realidade, sentindo o aumento das batidas de seu coração no ouvido. Um belo susto suspirou. O acontecimento o fez lembrar que é bom ficar atento ao andar sozinho à essa hora da noite nessas circunstâncias.
Durante seu devaneio, um gato surgiu do nada e, de supetão, passou por entre suas pernas, fazendo com que rapidamente voltasse para a realidade, sentindo o aumento das batidas de seu coração no ouvido. Um belo susto suspirou. O acontecimento o fez lembrar que é bom ficar atento ao andar sozinho à essa hora da noite nessas circunstâncias.
O molhado da
forte chuva já o alcançava para mais dos joelhos quando então pôde ver. O
letreiro amarelo embaçado pela chuva não negava. Escolhera o caminho errado da
rua. O tradicional restaurante passou a ser sua única opção viável. Foi para
isso que saí do quente aconchego do meu lar, desabafou. Para comer em um lugar
quase-bom e, ainda por cima, ter que pagar por isso. Se julgou culpado por tudo
isso e botou a culpa no mundo.
Ao adentrar no
local, aceitou sua condição e não estava mais disposto a esperar nada de bom.
Os garçons o atenderam prontamente. Pediu então um prato que não conhecia, mas
que tinha uma foto bonita. Não acreditou que seria melhor do que o que pediria
no restaurante que gostaria de estar agora. Comeu rapidamente sem apreciar
muito seu paladar que fora cuidadosamente preparado. E bebeu sedento um suco revigorante que escolhera aleatoriamente. Por ironia do destino até
que o prato estava inesperadamente delicioso. Não queria estar mais ali. Seria
atentar contra si mesmo reconhecer que aquele restaurante fez valer toda
sofrida caminhada na chuva. Pagou a cara conta e se retirou do local.
Ao sair,
percebeu que a chuva havia cessado. As ruas estavam desertas e ainda com cheiro
de chuva. Pode então rapidamente voltar para sua casa carregando consigo apenas
o inconformismo. Enfim de volta ao lar. Tomou banho, vestiu roupas limpas e
quentes. Não queria mais pensar em nada. Ligou a TV para relaxar e fugir da
vida sem consideração que possuía. O noticiário que não assistia há 3 dias
clamava as principais notícias. “Restaurante italiano da Rua 6 de maio continua
interditado pela vigilância sanitária”. Como eu gosto de comida italiana,
suspirou aliviado, que bom que comi um ótimo macarrão com um ótimo tempero essa noite, ficou feliz.
bom texto, e as vezes andar na chuva da a sensação de paz
ResponderExcluirManeiro o blog.
ResponderExcluirhttp://doncarioca.blogspot.com/
Texto maravilhoso!!
ResponderExcluirlindo texto, linda inspiração. Adorei a parte do macarrão, adoro!
ResponderExcluirkkk
Beijo guri!
Adorei o Conto Rômulo... me lembrou as noites de Teresópolis durante o inverno =)
ResponderExcluirRuas vazias, pessoas escondidinhas no aconchego dos seus lares ...